segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Teimosia

E não se vá, não se perca.
Fique e demore mais um pouco.
Há tanto ainda.
Ensine-me a brincar de novo, a pular, a sorrir com os olhos molhados.
Arrume um pretexto.
Diga que o calor é infame.
Manipule o tempo.
Os melhores argumentos são os seus.
O som mais imponente, o seu.
Tudo se cala à sua voz.
Há tempo ainda.
Não rasgue o entalhe de minha carne.
Ainda tenho o que aprender.
E só você sabe me ensinar.
Fique comigo.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Um alternativo pra lágrima

Da à esta face lágrima análoga à água que nasce em qualquer aridez.  A que se espera, que dizem venha, e vem.  
A privacidade de sentir dor não tem de particular nada, quando a insolência úmida aflora gargalhando e salgando o paladar.
A lágrima esfrega na sua cara que não é possível fugir. Mesmo que mantido o silêncio, tão inconveniente ela grita sua denúncia. Ainda que se esconda o sentimento, ela evidencia sua reclusa.
Não alivia. Apenas conforma. 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Um de amar

O ímpeto de amar transpõe o real. Constrói-se uma imagem por fixação do conveniente ou por idealização. Uma caricatura completamente moldada às mais íntimas expectativas. Com força e veracidade incontestáveis, ama infinitamente. Mas nem tange, nem corrobora.
Ainda há o bom amor, o incondicional. Como se pudesse não haver condições. A necessidade de amar para mascarar nossas entranhas chorosas não seria uma restrição com proporção semelhante à retribuição que a mesquinhez requer?